Informações básicas sobre o Evangelho Segundo Lucas.
O Evangelho Segundo Lucas e o Livro de Atos dos Apóstolos do mesmo autor, não nos fornecem notícias históricas sobre quem os escreveu. Portanto, as informações a esse respeito devem ser retiradas dos dados internos da Obra Lucana (Evangelho e Atos dos Apóstolos) e dos dados externos que a Tradição nos fornece.
Na introdução do Evangelho Segundo Lucas, o próprio autor diz que ele não foi testemunha ocular daquilo que Jesus disse e fez (1,1-2)[1]. Ele escreve a partir do que recolheu de testemunhas oculares que encontrou ao longo de sua vida (1, 2-4).
No Livro de Atos (At 16,10), verifica-se que foi um companheiro de Paulo na segunda e terceira viagens de evangelização que este realizou que o escreveu. Há estudiosos da Obra lucana (Lucas-Atos) que discordam pois, segundo eles, naquelas cartas consideradas pela maioria dos especialistas em Paulo como autênticas, aparecem um Paulo bem diferente, “Paulo do lucano”.
Fora estes livros, o nome de Lucas aparece, juntamente com outros nomes, em algumas cartas que fazem parte do corpus paulino (em Filêmon 24 – aparece como colaborador de Paulo; Colossenses. 4,14 – é «o médico» enviado por Paulo; Segunda Timóteo 4,11 – é o único que permanece com Paulo).
A tradição da Igreja, desde o final do século II, é unânime em atribuir o terceiro evangelho e o livro de Atos dos Apóstolos a Lucas (O Cânon de Muratori de 170-180). Foi também neste período que a obra foi dividida em duas partes (Evangelho e Atos).
Então, cabe-nos perguntar, se Lucas antes de se converter ao seguimento de Jesus de Nazaré, seria um gentio, um “temente a Deus”, ou um prosélito (judeu-helenista). Geralmente afirma-se que Lucas, pelo domínio que tinha da língua grega, teria sido um pagão, mas pelos estudos realizados sabemos que haviam muitos pagãos que eram “tementes a Deus”, isto é, que aceitavam a religião judaica, insatisfeitos com o politeísmo reinante, mas sem observarem algumas de suas prescrições (da Lei) judaicas, por exemplo: a circuncisão. De fato, todos os autores defendem que Lucas conhecia muito bem o Primeiro Testamento, porém, na tradução dos LXX (Septuagginta), ou seja, na sua versão grega (feita em Alexandria por volta de 280 a.C.) indica que ele poderia ter sido um prosélito (judeu-helenista), ou seja, um gentio convertido ao judaísmo. Mas, contudo, a posição mais comum entre os biblistas, defende que Lucas era mesmo de origem gentia (quem sabe até mesmo um cidadão romano), porque em seus escritos, fica evidente o desconhecimento da geografia da região da Palestina.
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